Às vésperas da decisão do Brasileiro, a CBF foi além de seu papel ao marcar o jogo entre Goiás e São Paulo para Brasília e ainda interferir no preço do ingresso. Pelo regulamento do Nacional, o mandante é quem tem que decidir essas questões. No máximo, a confederação dá aval ao estádio.Essas determinações da CBF geraram reclamação da diretoria gremista, que disputa o título com o time paulista - precisa de uma vitória e uma derrota do rival na rodada final. Para os gaúchos, seu time foi prejudicado e os são-paulinos foram favorecidos por atuarem diante de seus torcedores, que têm bom número em Brasília.Já os cartolas do Morumbi lembram que não tiveram participação na decisão. E descartam terem sido beneficiados.O imbróglio começou por conta da punição imposta pela Justiça Desportiva ao Goiás, com perda dois mandos de campo, o que tirou o jogo final do Serra Dourada.A diretoria goiana tinha a intenção de vender o jogo: Anápolis, Itumbiara, Uberlândia e Brasília eram opções. Pelo regulamento, é o clube mandante quem escolhe o local. A confederação analisa as condições de segurança e dá seu aval ao local.Na quinta-feira, sozinha, a CBF decidiu que o jogo seria no novo estádio do Gama, em Brasília. Atendeu sugestão da Federação de Brasília. O estádio custou R$ 55 milhões ao governo do Distrito Federal, aliado da confederação.A alegação da CBF é de que o estádio tem as melhores condições para o jogo. Mas a decisão deixou contrariados os goianos, que são os mandantes do jogo.Pelo artigo 23 do Brasileiro, o mando de campo deve ser exercido no estado do clube mandante - Goiás - a não ser em 'situações excepcionais" a critério da CBF."Acho que esse mando de campo não pune o Goiás, mas o Grêmio. Não é razoável. Causa um desequilíbrio no campeonato. Porque o Goiás só terá 18 mandos de campo, enquanto os outros, tem 20", atacou o diretor de Futebol gremista, André Krieger. "Não vou fazer um pré-julgamento. Mas essa decisão da CBF nos prejudica."Suas declarações são rebatidas pelo diretor de futebol do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes. 'O regulamento prevê que, em casos excepcionais a CBF, pode escolher", defendeu o cartola. 'Não quero essa presunção de que o São Paulo foi favorecido."Não foi a única participação da CBF na organização do jogo. O Goiás tinha determinado que o ingresso custaria R$ 400,00, com meia entrada.A diretoria do São Paulo reclamou. Na última terça-feira, o diretor da CBF, Virgílio Elíseo, que tinha reclamado do valor abusivo, conversou com cartolas do Goiás. Sugeriu uma redução do bilhete. Em conjunto, o governo do DF reduziu as taxas e o aluguel sobre o estádio.Mais tarde, a diretoria do Goiás confirmou a redução do ingresso. Agora, o preço ficará entre R$ 75,00 e R$ 250,00.Pelo artigo 16 do Brasileiro, cabe apenas ao clube mandante determinar o preço. Isso vai facilitar o acesso dos são-paulinos ao jogo. A diretoria goiana informou que não limitará os ingressos aos rivais - poderia dar só 10% dos 20 mil lugares.
Fonte: Uol